Este blog tem a finalidade de difundir a apicultura nacional e projectos de investigação realizados em Portugal. A APISMAIA realiza análises polínicas, físico-químicas e resíduos ao mel e outros produtos apícolas.
Junho 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
posts recentes

Mel do Marão - Alvão

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

28
Fev
11

Contribuição para a caracterização do mel da região do Alvão-Marão (Trás-os-Montes, Portugal)

 

M. MAIA (1), P.A. RUSSO-ALMEIDA (2); J.O.B. PEREIRA (2)

(1)APISMAIA- Produtos e Serviços em Apicultura- VILA REAL

(2)Dept. de Zootecnia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Apartado 202, 5000 VILA REAL

 

 

Introdução

 

As análises físico-químicas e polínicas do mel têm como objectivo a determinação da origem geográfica e botânica do mel. Estas informações são úteis para o apicultor como para o consumidor, de modo a ser realizada uma correcta rotulagem acerca da origem do mel.

As análises físico-químicas ao mel, tais como a conductividade eléctrica, o teor da percentagem de cinzas, o pH, o índice diastásico, a cor, a viscosidade, a percentagem de açucares redutores e a sacarose aparente são essenciais para a determinação da origem botânica. De uma maneira geral, valores elevados de conductividade eléctrica, teor da percentagem de cinzas, pH e índice diastásico estão associados ao mel de castanheiro, enquanto valores baixos destes parâmetros estão associados ao mel de rosmaninho (PERSANO ODDO et al., 1995).

As análises polínicas indicam o espectro polínico do mel, ou seja, fornecem informação acerca de um determinado conjunto de espécies botânicas que a abelha visitou para a produção de mel. De uma maneira geral, quando uma amostra de mel apresenta pelo menos 45% de grãos de pólen de uma determinada espécie botânica no seu espectro polínico, é considerado mel monofloral dessa mesma espécie, como é o caso do mel de urzes (Erica spp.) e de silvas (Rubus spp.). No entanto, outras espécies são consideradas subrepresentados, como é o caso do rosmaninho (Lavandula pedunculata), em que para ser considerado um mel monofloral desta espécie basta 15% desta mesma espécie (RUSSO-ALMEIDA e PAIVA, 1996; MAIA, 1999). Por outro lado, existem espécies sobrerepresentadas, em que para ser considerado um mel monofloral de uma determinada espécie é necessário valores superiores a 70% (eucalipto; Eucalyptus spp.) ou de 90% (castanheiro; Castanea sativa). Para uma melhor compreensão das razões de umas espécies serem subrepresentados e outras sobrerepresentadas aconselhamos a leitura de RUSSO-ALMEIDA e PAIVA (1996).

Em grande parte, os grãos de pólen identificados no espectro polínico são oriundos das espécies botânicas que estão nos limítrofes próximos aos respectivos apiários. Consequentemente, as análises polínicas ao mel também têm interesse na determinação da origem geográfica do mel, pois, permitem, neste caso, inferir se um mel é produzido em região de montanha ou de vale.

 

 

Material e Métodos

 

Caracterização da região do estudo

A cadeia montanhosa do Alvão-Marão fica situada na fronteira entre a região do Douro Litoral e de Trás-os-Montes. Esta região apresenta valores médios de temperatura de 10,5 ºC e precipitações médias anuais de 1200 mm, com uma altitude média de 600-900 metros (AGROCONSULTORES & COBA, 1988). Ao nível arbóreo é caracterizada por carvalhos (Quercus spp.), pinheiros (Pinus spp.) e castanheiros (Castanea sativa), em que este é um excelente fornecedor de pólen e néctar. As principais espécies arbustivas fornecedoras de néctar são as urzes (Erica australis e E. tetralix), queiroga (Erica umbellata), torga (Calluna vulgaris) e o rosmaninho (Lavanduula pedunculata), embora esta última espécie seja pouco representativa na região. As principais espécies fornecedoras de pólen são as giestas (Cytisus spp. e Genista spp.), o tojo (Ulex minor), a carqueja (Chamaespartium tridentatum) e o sargaço (Halimium allyssoides).

 

Origem das amostras

Neste estudo foram analisadas 28 amostras de mel das crestas de 1999 e 2000, cuja origem das amostras estão indicada na tabela 1.

 

Tabela 1. Indicação do ano de cresta e origem das 28 amostras de mel.

 

Amostra

Ano

Origem

Amostra

Ano

Origem

1

1999

Escondidinho

15

1999

Quintã

2

1999

Borbela

16

1999

Vila Cova

3

1999

Campea

17

1999

Gontães

4

1999

Fornelos

18

1999

Torgueda

5

1999

Louredo

19

1999

Pena

6

1999

Fornelo

20

2000

Campea

7

1999

Louredo

21

2000

Fornelos

8

1999

Barreiro

22

2000

Gontães

9

1999

Fiolhais

23

2000

Fornelos

10

1999

S.M.Lobrigos

24

2000

Pena

11

1999

Sedielos

25

2000

Vila Cova

12

1999

Gontães

26

2000

Vila Real

13

1999

Vila Real

27

2000

Loureiro

14

1999

Aveção do Meio

28

2000

Aveção do Meio

 

 

Metodologias

Na determinação dos parâmetros físico-químicos das amostras de mel (Humidade, pH, Acidez livre, Cinzas, Condutividade, Índice diastásico, Açucares redutores, Sacarose aparente e HMF) as metodologias utilizadas foram segundo a European Comission of Honey (BOGADANOV et al., 1997). Para a determinação do comprimento de onda dominante e luminosidade utilizamos a metodologia de HUIDOBRO e SALAS, (1984). Todas as amostras deste estudo têm um teor em hidroximetilfurfural (HMF) inferior a 10 mg/Kg de mel.

As análises polínicas foram realizadas segundo a metodologia de LOUVEAUX et al. (1987). Foram contados pelo menos 400 grãos de pólen e obtida a frequência relativa de cada tipo polínico para cada amostra. Os grãos de pólen foram identificados em microscópio óptico e com lente de imersão. Para a identificação dos grãos de pólen recorremos à palinoteca do departamento de Apicultura da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), como também a bibliografia especializada (VÀLDES et al. 1987, MOORE et. al.,1996).

 

Resultados e discussão

 

Os resultados dos parâmetros físico-químicos estão indicados na Tabela 2 e resultados das análises polínicas na Tabela 3.

Através da análise polínica foram identificados 31 tipos polínicos, com uma média de 9±4 (DP) por amostra, com um máximo de 22 e um mínimo de 5 tipos polínicos. As urzes (Erica ssp.) e o castanheiro (Castanea sativa) são as principais espécies nectaríferas do espectro polínico das amostras estudadas. As silvas (Rubus spp.) também demonstraram o seu interesse nectarífero na região e é uma importante fonte

de alimento para as abelhas (Apis mellifera) no ínicio de Verão, em que outras espécies vegetais são escassas no mesmo período de tempo. A identificação do rosmaninho (Lavandula pedunculata) somente em 4 amostras e com baixas percentagens, não é de estranhar visto que estas amostras foram obtidas em regiãos de montanha.

 

Tabela 2. Resultado dos parâmetros físico-químicos de 28 amostras complexo montanhoso Alvão-Marão. Hum- Humidade (%); pH- AcL- Acidez livre (meq/Kg); Cnz- Cinzas (%); Cd- Conductividade eléctrica (mS/cm); ID- Índice diastásico (Gothe); Are- Açucares redutores (%); Asc- Sacarose aparente (%); COD- Comprimento de onda dominante (nm); Y- Luminosidade (%)

 

Amostra

Hum

pH

AcL

Cnz

Cd

ID

Are

Asc

COD

Y

1

18,9

3,83

23,8

0,33

0,61

15,9

68,3

1,2

578,3

42,5

2

18,2

3,90

30,3

0,46

0,76

7,8

70,7

2,1

595,4

5,4

3

18,2

4,04

25,1

0,50

0,78

18,0

69,8

3,1

595,4

6,1

4

17,8

4,96

14,7

0,87

1,10

32,4

66,8

1,2

584,1

18,3

5

17,5

4,51

21,4

0,47

0,85

37,6

70,9

1,4

586,2

13,7

6

18,4

5,04

15,7

0,70

1,11

33,2

68,7

2,5

584,1

18,1

7

18,3

5,17

15,2

0,81

1,12

35,1

69,5

2,5

584,8

17,0

8

20,2

4,91

17,6

0,71

1,14

45,7

68,8

0,5

584,8

14,2

9

17,8

5,11

15,1

0,58

1,10

42,4

68,9

3,0

584,1

20,9

10

16,8

4,34

29,1

0,49

0,80

38,7

71,1

1,4

580,5

27,4

11

19,2

4,05

21,0

0,31

0,59

33,0

69,9

1,5

577,1

43,6

12

17,6

4,45

32,4

0,53

0,84

63,3

70,3

2,8

588,2

10,9

13

19,9

4,40

23,0

0,30

0,67

60,0

70,1

1,2

580,5

29,0

14

21,2

4,46

22,2

0,37

0,74

45,4

70,8

0,8

579,8

29,2

15

19,0

4,26

26,5

0,38

0,64

44,6

69,7

1,6

579,4

32,6

16

19,6

4,31

25,3

0,36

0,67

44,5

72,9

0,4

577,1

38,9

17

14,8

4,28

20,0

0,34

0,76

38,1

73,3

0,5

579,8

31,0

18

21,5

4,88

19,0

0,65

1,11

44,7

65,4

0,4

582,3

21,2

19

19,0

4,27

22,2

0,26

0,72

38,1

69,2

2,1

579,4

30,3

20

19,0

4,10

29,0

0,41

0,63

19,0

69,9

1,7

595,8

4,3

21

18,2

4,60

21,8

0,41

0,73

19,3

72,0

0,8

586,8

15,0

22

17,4

4,30

30,4

0,36

0,66

20,3

69,6

0,9

594,0

6,1

23

18,7

4,70

19,6

0,43

0,77

12,8

72,3

1,4

589,2

9,8

24

18,2

4,40

29,0

0,39

0,76

25,3

71,5

1,3

584,1

18,3

25

21,2

4,20

28,0

0,50

0,65

9,7

76,3

1,4

589,0

9,6

26

20,4

3,90

21,3

0,19

0,37

23,4

69,2

2,0

577,1

39,3

27

16,9

3,90

32,0

0,48

0,52

15,2

70,9

1,1

577,1

38,7

28

16,0

4,10

32,0

0,68

0,82

12,3

71,2

1,2

595,0

4,7

Média

18,6

4,4

23,7

0,47

0,79

31,3

70,3

1,5

584,6

21,3

DP

1,5

0,4

5,5

0,17

0,20

14,9

2,1

0,8

6,1

12,5

Max

21,5

5,2

32,4

0,87

1,14

63,3

76,3

3,1

595,8

43,6

Min

14,8

3,8

14,7

0,19

0,37

7,8

65,4

0,4

577,1

4,3

 

 

 

publicado por apismaia às 17:21
pesquisar neste blog
 
as minhas fotos
últ. comentários
this is unbelievable, it is my first time to be ca...
DO YOU NEED A PERSONAL/BUSINESS/INVESTMENT LOAN? C...
Wow this is awesome, very interesting article. I c...
HOW I GOT MY DESIRED LOAN AMOUNT FROM A RELIABLE A...
HOW I GOT MY DESIRED LOAN AMOUNT FROM A RELIABLE A...
HOW I GOT MY DESIRED LOAN AMOUNT FROM A RELIABLE A...
Hello viewerWe are professional traders, earning o...
o que se faz depois de se detectar esse problema?
Olá, sei que este post é antigo, mas espero que al...
I got my already programmed and blanked ATM card t...
blogs SAPO