Desde há alguns tempos temos vindo a assistir à invasão de espécies exóticas em Portugal. Algumas destas espécies são oriundas de territórios bastante longíquos, como é o caso de países de Oceânia. É o caso do eucalipto, embora esta espécie tenha sido introduzida com o conhecimento das entidades oficiais para fins comerciais - a pasta de papel. No nosso território domina a espécie Eucalyptus globulus e em algumas áreas o Eucalyptus camaldulensis. Curiosamente, outras subespécies de eucalipto surgem no nosso país, mas a sua expressão é mínima e sem nenhum significado (http://aguiar.hvr.utad.pt/pt/herbario/cons_reg_ncom.asp?ncomum=eucalipto&Submit3=Pesquisar).
Outras espécies, nomeadamente a Acacia longifolia (Andrews) Willd (Acácia-de-espigas) e a Acacia dealbata Link (Acácia-mimosa; Mimosa) têm tomado "conta" de grande parte de zonas litorais e também de zonas de montanha, onde nestas últimas as mimosas são consideradas uma boa fonte de madeira.
A Hakea sericea (Espinheiro-bravo; Háquea-picante; Salina) com espinhos demasiado rígidos e pontiagudos (nem os garranos pegam) e, após os incendios, brotar da terra com um vigor imenso onde as suas raízes imperam em solos pobres de azoto e fósforo é uma espécie a tomar em consideração. Em algumas zonas do Minho esta espécie está a tomar conta de solos onde antes existiam vastas manchas de urze.
Em principio, todas estas "invasões" podem nos entristecer e criar um sentimento de revolta...quem não se lembra no inicio dos povoamentos de extensos eucaliptais o constante chamar de atenção dos ecologistas na degradação dos solos (e com razão). Mas algumas sementes destas espécies (e de muitas outras) foram trazidas em bolsos de calças e até em vasos (quando se podia trazer tudo e mais alguma coisa nos aviões). Por exemplo, a Hakea é uma excelente espécie para a construção de sebes (espinhosa e pode atingir os 3 metros).
Porém, a nível apícola, a maneira de ver esta invasão pode ser vista de um outro ângulo. Actualmente, o eucalipto é das espécies que produz mais mel por colmeia em comparação com a urze, o rosmaninho, a soagem, o castanheiro, entre outras espécies. As acácias podem fornecer pólen, fonte proteíca que é essencial para a crição da colónia, no ínício da Pimavera e também alguns sucos açucarados que atraem as abelhas. Por fim, a Hakea que atrai significativamente as abelhas pelo seu néctar em pleno Inverno, promovendo a estabilização das reservas nesta estação do ano e, quem sabe, a promoção da produção de um tipo de mel monofloral que poderá ser explorado pelo apicultor.
Assim, a pergunta que poderá ficar no ar: estas espécies serão bem ou mal vindas para o nosso ambiente / agricultura?